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MORUMBI 50 ANOS DE HISTÓRIA E FUTEBOL

MORUMBI 50 ANOS DE HISTÓRIA

Há 50 anos, em 2 de outubro de 1960, o São Paulo inaugurou o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. O jogo inaugural foi contra o Sporting, de Portugal, e o Tricolor venceu por 1×0, gol do centroavante Peixinho. Uma semana depois, ainda como parte das festividades de inauguração, o São Paulo jogou contra o poderoso Nacional, do Uruguai. Nova vitória, agora por 3×0. Vejam a escalação que foi a campo:
Poy; Djalma Santos, Gildésio e Riberto; Sátiro e Vítor (Gérsio); Julinho Botelho, Almir, Gino, Gonçalo e Canhoteiro.
Opa! – alguns leitores com conhecimento da história de nosso futebol talvez estejam pulando em suas cadeiras e dizendo que essa escalação está errada.
Não está. E digo mais, faltou um nome nessa lista do time que entrou em campo: o de Sua Majestade, o Rei do Futebol, Pelé.
Primeiro e único.
Sim, era outro o mundo em 1960, e no jogo contra o Nacional o São Paulo contou com dois dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, ambos atletas da Sociedade Esportiva Palmeiras: Djalma Santos e Julinho Botelho. Outra lenda de nosso futebol, Almir Pernambuquinho, veio do Sport Club Corinthians Paulista.
Uma infeliz distensão muscular tirou do jogo o camisa 10 titular de qualquer time do mundo em qualquer tempo: Pelé.
O São Paulo pediu e os clubes co-irmãos, expressão que era verdadeira e hoje só é praticada dentro do G4, cederam seus ídolos para esse jogo. Era um sinal claro e inequívoco que o Morumbi era do São Paulo, mas era, também, da cidade e do futebol de São Paulo.
Os gols dessa vitória foram marcados por Canhoteiro e por Gino, duas vezes.
Dez anos depois, o estádio teve outra inauguração, ao concluir as obras do anel superior, ficando em definitivo com seu aspecto atual. O jogo foi contra o FC Porto, no dia 25 de janeiro, feriado municipal, comemorativo da fundação da cidade de São Paulo. Esse jogo foi o primeiro que vi no Morumbi, foi a minha estreia num local que marcaria momentos importantes de minha vida, tanto felizes, como tristes.
No decorrer desses 40 anos presenciei jogos memoráveis no Estádio do Morumbi. Vi Pelé jogar ainda muitas vezes. Vi Roberto Dias, Gerson, Pedro Rocha. Vi Roberto Rivelino, o Reizinho do Parque. Vi Dudu e Ademir, o meio-campo da Academia palestrina e não estranhem Dudu na frente, pois era assim a escalação e era assim que a gente se referia a eles, Dudu e Ademir. Da Guia, claro, como disse certa vez Mestre Armando Nogueira, nome e sobrenome de craque. Dudu não era craque… Epa, como não? Como não ser craque alguém que por tantos anos cuidou do meio e da retaguarda do time que às vezes ganhava campeonatos do Santos de Pelé? Como curiosidade, o sobrinho de Dudu é o atual treinador do Galo, Dorival Junior.
Esses foram os primeiros grandes craques que vi naquele gramado na primeira metade dos anos setenta.
Vi muitos outros nos anos que se seguiram, tantos que nem conseguiria lembrar de todos e teria que escrever um livro, e não um simples post, para contar alguma coisa de cada um.
Naqueles anos, que hoje chamamos “anos de chumbo” por causa da ditadura militar, era comum irmos ao Morumbi para ver futebol e não só os jogos do time para o qual torcíamos. Um de meus amigos da época, o Miguel, que hoje é conselheiro do São Paulo, era meu parceiro ao lado do Cesário e outros amigos. Tínhamos a felicidade de morar perto do estádio, todos jovens, casados há pouco tempo, filhos pequenos, grana curta, curtíssima, contadinha para as despesas do mês e o pagamento de nossas pequenas casas, financiadas sei lá por quantos anos pelo “BNH” da vida. Apesar disso, santista, palestrino, corintiano e dois são-paulinos, íamos aos jogos uns dos outros com certa frequência e extremo prazer. Alguém era sempre a “vítima” das brincadeiras dos demais e nem por isso havia algum tipo de problema.
Bons tempos aqueles, pelo menos nesse ponto.
De 1970 a 1972 eu ia ao Morumbi uniformizado. Pegava dois ônibus para ir e outros dois para voltar. Cruzava a cidade de São Paulo, do Ipiranga ao Morumbi, da Zona Sudeste à Zona Oeste, passando pelo Centro. Fazia isso sozinho, nunca tive nenhum problema, nunca fui agredido, nunca fui sequer xingado ou provocado de forma mais pesada. Raramente, uma ou outra brincadeira ou mesmo um cumprimento, um “parabéns” por alguma vitória. Hoje, se eu ou qualquer torcedor de qualquer um dos 4 grandes paulistas se atrever a fazer a mesma coisa, será hospitalizado em estado grave um monte de vezes e assassinado outro monte de vezes. Se evoluímos em muitos pontos, em outros regredimos de forma triste.
Alguns jogos que vi nesse estádio merecem crônicas próprias, à parte, que talvez, quem sabe, algum dia eu escreva. Um desses jogos foi a última partida entre uma seleção brasileira e uma seleção estadual. Um jogo terrível fora de campo, marcado por vaias ininterruptas, brigas, discussões, num clima de quase total ojeriza à CBF e à seleção do momento.
No início, nos anos 50, o bairro do Morumbi era um vazio, um grande deserto, ainda com matagais por toda parte, sem habitações, comércio, vias de acesso razoáveis. Hoje tudo mudou para melhor e mais ainda a partir da chegada do metrô, dentro de dois anos. Nos últimos quinze, talvez até vinte anos, o eixo de crescimento da cidade pendeu fortemente para as regiões oeste e sudoeste, além, é claro, de manter o crescimento na Zona Leste. Para uma parte muito grande dos moradores da cidade, ir ao Morumbi é relativamente fácil, na medida em que se possa chamar de fácil qualquer deslocamento pela megalópole e seus muitos milhões de automóveis, caminhões e ônibus. Nessa semana, o governador e o prefeito assinaram a papelada que libera a construção da linha Ouro do metrô, que vem a ser o monotrilho que ligará o Jabaquara, no sudeste, à zona oeste, servindo como alimentador de terminais de ônibus e trens pelo caminho, além do Aeroporto de Congonhas. Perto de sua estação final, o monotrilho passará ao lado do estádio, onde também haverá uma estação. Esse projeto já existia nos planos da prefeitura e foi ampliado e modificado dentro da proposta de mobilidade urbana para 2014. Mesmo com o estádio fora da Copa, o projeto foi mantido por ser de interesse de uma vasta população, não só de ricos e bem sucedidos como sugere a imagem “Morumbi”, mas também para atender a algumas centenas de milhares de pessoas que moram na favela Paraisópolis e em bairros próximos.
Durante anos o estádio foi um elefante branco (financeiramente falando) e sugou recursos e energias do clube. A partir de sua posse, em 2002, o finado e saudoso presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, colocou como uma de suas metas fazer do estádio um centro gerador de receitas e não somente um centro de custos. Por sinal, fez o mesmo em relação à área social do clube, que passou a não só gerar a receita suficiente para sua manutenção, como também apresentar superávits todo ano, chegando ao valor de 22,1 milhões de reais de superávit em 2009.
Esse, por sinal, foi o primeiro ano em que o estádio deixou de ser utilizado para jogos de outros clubes da Capital. Palmeiras e Santos já não mandavam seus jogos no Morumbi e a partir de 2009, por decisão do presidente Andrés Sanches (contrariando alguns de seus diretores), o Corinthians passou a jogar somente no Pacaembu. Em 2008, ano em que o Morumbi abrigou vários jogos do Corinthians pela Copa Brasil, o estádio teve uma receita total de 19,2 milhões e uma despesa de 8,1 milhões, com um superávit de 11,1 milhões. Em 2009, esse valor dobrou, não só como resultado dos jogos do próprio São Paulo e dos shows, mas também pela expansão dos camarotes, que garantem uma boa receita anual, acompanhada pela maior receita oriunda de outras atividades realizadas na área física do estádio.
A previsão para 2010, mesmo com a péssima campanha do clube no Campeonato Brasileiro, é pelo menos repetir os valores de 2009, com pequenas variações para cima ou para baixo.
O grande impulso para o estádio, que será um divisor de águas em sua utilização, ainda está por vir: a chegada do metrô. Outro ponto de virada poderá ser a cobertura do estádio, desejo do presidente Juvenal Juvêncio, que pretende fazê-la mesmo sem a Copa.
Hoje, no seu 50º aniversário, o Morumbi há muito deixou de ser um elefante branco. Mais do que uma unidade de negócios sustentável, é um poderoso gerador de receitas para o clube e para o futebol, mostrando a importância de uma praça esportiva própria nos dias de hoje para os clubes.
Em São Paulo, o Corinthians finalmente construirá seu estádio, fato que permitirá ao clube um salto evolutivo e o Palmeiras apenas aguarda pelo início das obras que farão do velho “Jardim Suspenso”, como antigamente os locutores esportivos chamavam o então Parque Antártica, uma nova e confortável Arena Palestra Itália.
Em Curitiba, o Atlético deverá ter sua Arena com uma nova dimensão já para a Copa 2014. Independentemente dela, porém, o clube é, ao lado do São Paulo, o que melhor utiliza seu estádio no Brasil. No mesmo caminho estão o Internacional e o Grêmio, seja com o Olímpico, seja com a nova arena projetada. No Rio, o Botafogo precisa aproveitar o período pré-Copa e pré-Jogos Olímpicos para reforçar a presença do Engenhão na vida do futebol carioca. Mesmo com os problemas em seu entorno e o acesso ainda complicado, o clube tem como fazer o estádio gerar receitas, que aumentarão à medida que o local tornar-se um hábito para os torcedores e algumas reformas e mudanças no entorno e acesso forem realizadas. Esse é o caminho.
Apesar das muitas benesses que ser o estádio da Copa traria ao Morumbi, a verdade é que o custo-benefício talvez não fosse tão fantástico como imaginado por torcedores e diretores. Inevitavelmente, o Morumbi seria fechado por um bom tempo, obrigando o São Paulo a mandar seus jogos fora, perdendo preciosas receitas em momentos decisivos da vida do clube. Esse ano já está mostrando o tamanho do problema com o fechamento do Mineirão e do Maracanã, prejudicando sensivelmente o Flamengo, Fluminense, Cruzeiro e Atlético Mineiro.
Estádio é coisa cara de fazer e mais cara ainda para manter em ordem e bom funcionamento. Mas, inegavelmente, é uma necessidade real e vital não apenas para a sobrevivência, mas para o crescimento dos clubes e sua manutenção em alto nível de forma sustentável. Como bem demonstram os números do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o cinquentenário Morumbi.



ANEXOS



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